12/11/2010

Do Garoto Que Não Sabia Se Apaixonar


Não era um garoto da cidade. Vinha do campo, dos chãos de terra batida para os chãos de terra abatida. Em menos de dois meses pode perceber que tudo era muito avassalador na cadência da cidade, principalmente as garotas.
Quantas paixões! Elas estouravam como as espinhas recém chegadas em seu rosto tão jovem, tão fresco. As espinhas ele podia entender e já nem se assustava quando apareciam, mas as paixões... Ah! Isso ele não podia conceber nem teorizar.
Começava com uma ansiedade que o atacava no meio da tarde, como se um mosquito vagasse dentro de seu peito. O coração parecia cavalo a galope e as mãos ficavam inquietas e suadas. Era ela, a paixão, que anunciava seus sinais. Então não olhava muito para os olhos das pessoas, pois tinha a certeza que perceberiam. Parecia tão óbvio!
Não demorava ser atacado também logo ao acordar, com a imagem daqueles dois olhos cor de tempestade na mente. Os sintomas pioravam rapidamente e então rolava de um lado para o outro da cama sem conseguir dormir. Na mesa de café da manhã seus olhos vagavam no nada e mal sentia fome.
Seria isso a paixão? Tinha que fazer algo, mas o quê? Ele já tinha visto nos filmes que o romântico se dava mal, que o mocinho era desprezado pela moça e só ganhava um beijo no final, depois de ter tomado alguns tiros. Sim, ele sabia o que tinha que ser feito, algo mais dolorido que tiro: Era entregar-se sem ceder, puxar e empurrar, dar sem dar. Como doía! Ah... Como doía!

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