30/09/2008

Está Servido

Que é a xícara sem o café;
A vida sem extravagâncias?
Que são dias sempre iguais;
Ser adulto sem lembranças?

Que é a toalha sem migalhas;
A convivência sem nenhum dano?
Que é uma estátua sempre bela
sem história, poeira e riscos?

Que é o corpo esbelto do homem
sem a sempre presente morte?
É uma casca vazia, dura e fina
que se esvai no primeiro corte

Prosa 3/4

"Teus cabelos, que um dia foram agarrados à minha pele, em meio ao trigo e ao suor, em noites confidentes, sentem saudades; gritam o seu pranto, mas não lhes ouve, e joga-os contra o vento, como se castigasse-os por tais lembranças.
Teu seio quer repousar minha cabeça, e, como uma prisão paradisíaca, nunca mais deixar-me partir para as reais e avermelhadas batalhas dos homens. Me darão um sono tranqüilo, eu aposto. Não terei que montar guarda alguma contra teus suspiros.
Teus pés; magníficos pés, que andam pelo campo, faíscam por toda à noite, em busca da lenta Valsa, onde lhe segurei mais firme que qualquer homem jamais ousou. O compasso que embalou olhos cheios de palavras, agora se sente vazio e incompleto.
Teus dedos, armados com unhas compridas, querem percorrer minhas costas, caminhando com força, celebrando seu triunfo sobre meu ser. Vestidas de vermelho, correndo até meu quadril, levemente. Impetuosas unhas invocando um inocente ataque.
Tuas costas imploram para que eu desarme-as em meio ao campo de batalha, e faça que milhares de carícias as execute de êxtase e fervor. Minha barba mal feita e cabelos desgrenhados lhe farão cócegas; Liça justa.
Tuas pernas cansadas procuram como parreiras algo para se entrelaçar em meio à noite fria e prateada. Egoístas e imponentes, como princesas em dosséis. Emaranhadas, desfrutam de lençóis de seda para seu solene repouso. Sozinhas e quietas procuram às minhas, não querendo transparecer tal desejo; Orgulhosas pernas.
Tuas mãos -mãos que colhem flores- querem conferir, alisar e apalpar toda a extensão do meu corpo, amaciar meus músculos exaustos com sua leveza singular, e apagar minhas cicatrizes com leves caricias, como se ainda me doesse, como se fossem um corte em meu íntimo."

Garota Mulher Menina

Garota dos tropeços
dos sonhos e sorrisos
Menina dos começos;
Dos gestos concisos

Mulher voraz no escuro
astuta na arte da provocação
recua ao sinal de perigo
não se entrega à perdição

Garotinha de brincadeiras
seja subir em árvore ou pião
não quer perder a intimidade
com a essência de sua criação

Amiga de tardes inteiras
do não fazer nada; Do viver
no Sábado ou Segunda-Feira
de manhãzinha ao escurecer...

Ladrão de Diamantes

Sapatos fulgentes
Apunhalado pela sorte
Arrastado pelo jardim
Um rastro cor-de-morte

Pés e mãos atadas
Sem terno e sapato
O corpo dentro d’um saco
Foi jogado do penhasco

O saco nas ondas bateu
O guarda a gargalhar
Voltou para seu cômodo
E terminou o jantar.

24/03/08

29/09/2008

A Pinta

O Pitta foi Preso!
Preso o Pitta!? Acredita?
O caralho que eu acredito
Pitta preso é piada!

O Pitta roubou e foi preso
Pegou nossa grana; O Pitta
E com nossa grana saiu da cadeia!
Acredita!?

O Pitta é uma porra!
Uma mancha escura no Brasil!
É praticamente uma pinta!
Cisco Pitta!!

Esse Pitta é uma porra!
Roubou minha grana; O Pitta!
O Pitta é pestilento, pauzudo que não é!
É um Filho da Pitta
Essa puta de merda!

Sem título!

"-É o homem envenenado pelos males do não conseguir; os males da inerência; a incapacidade, que cutucam suas vísceras dia à dia, como em certo mito.
O homem que comete atrocidades é o mesmo que quer detê-las, o que profana absurdos é o mesmo que os ouviu.
Homem espelho do homem; Mostra teu rosto, saturado do não ser! Suprimido, refugiado, esmago pelas circunstâncias.

-É claro, homem! Já dizia eu nos tempos da rebeldia: Não há crime maior e mais brutal do que a não verbalização de pensamentos! Hahaha!!!! Vossas circunstâncias só serão conseqüências destes... ou apenas sorte!

-Sorte? Não sejas ridículo. A sorte só acaricia aos lábios rosados do belo rapaz de olhos sonhadores! E depois o dilacera, e ri de escárnio, como em certa obra de algum romântico infeliz!

-Românticos? Que tem eles de tão ruim? Apenas tiveram o azar de se dar conta da imensidão do próprio sentir... E que é o sentir se não for o próprio ser?

-Aah!! Lá vens com tua filosofia de novo! Me chateias; Chateamos essas moscas com a filosofia!
A filosofia é a ferramenta perfeita para a chateação de pessoas! Calemo-nos com nossa filosofia miserável... Falemos de coisas mais importantes; Falemos dos boatos, dos tipos de fumo, vinhos e cachimbos que chegaram ao mercado, e aí sim será um bom momento!
Meu conviva, não sabes que a filosofia é o assunto mais indevido à uma reunião de amigos?

-Pois sei, meu caro. A filosofia nos faz infeliz.

-Veja só! Todos já dormem; nossos convivas pareciam geniais, até o álcool os agarrar em beijos molhados. Agora parecem apenas defuntos vítimas de filosofia. Se tornaram desagradáveis quando a embriaguez mostrou quem realmente eram. E que pessoa não é desagradável no intimo? De perto vemos vários riscos da estátua que parecia perfeitamente bela ao longe.

-Bem, me parece então que... vamos à merda com nossa filosofia!"

(...)

Formalidades...

Todos conhecem as formalidades. Prometo ser rápido.

Acabo de fazer esse 'blog' por, primeiramente, não ter nada para me distrair. Mas é claro que existem outros motivos (que não são tão ridículos) que me trazem aqui: Fui vítima da mania de escrever. Poemas, histórias, crônicas, relatos, ensaios, baboseiras, etc.
Penso que aqui seja um bom espaço para organizar melhor essa mania benéfica primeiramente para mim mesmo. Pois como sabem os que escrevem, tocam, atuam ou pintam:
Tudo começa primeiramente por um impulso interior; uma ânsia inegável que nos faz expressar o que sentimos ou vemos... A primeiro momento fazemos nossa arte para própria satisfação, como uma válvula de escape. Eis que depois ela é exposta e ficamos ansiosos pela reação que causará em outras pessoas, e a crítica que receberemos delas. Adoro esse processo.

Creio que seja o ato 'egoísta' mais belo; a arte.