Não que uma poltrona substituísse os braços cheirosos e macios de uma mulher, mas aquela até que cumpria bem o seu papel, abraçando e acolhendo de bom grado o homem amargurado, que pelas tardes se sentava ali fingindo ler o jornal enquanto só pensava nublado.
Nesse clima eterno de inverno passaram-se anos e a barba do homem já começava a apresentar alguns poucos fios brancos, ainda acanhados em sua face. A poltrona continuava lá, imponente, encarando o homem e deixava-o constrangido, pois atestava todas as suas dores.
Foi numa tarde como qualquer outra que o homem amargo decidiu não fingir ler o jornal; nem sequer o levou para a sala, simplesmente sentou-se na poltrona e olhou para frente. Espantou-se a princípio com o que viu: Uma janela. Quase tinha esquecido da velha janela!
Num desses impulsos típicos de criança, levantou-se e olhou através. Sem hesitar, abriu-a. Viu a rua, as vidas e seus donos passando pela calçada, crianças que brincavam com o verão. Então olhou para a casa da frente e seu lindo jardim; Olhares se cruzaram e então ouviu quase como uma profecia:
-Bom dia! – Numa saudação elegante, com um sorriso daqueles que contam tudo o que se precisa saber.
O sol se fez presente nos dois pares de olhos. Nunca mais usou a poltrona.
Ameeeeeeeeeeeeeeeeeeei!!!
ResponderExcluirsinto falta de conversar com você e debater sobre tudo.
ResponderExcluire seus textos permanecem fortes, reflexivos e... extremamente você.
PArabéns! Tenho que dizer que escreves muito bem mesmo. Sempre que posso lhe faço uma visita por aqui.
ResponderExcluirUm Grande Abraço!
Carval
se você quiser um toque de Dalton Trevisan aqui, adiciona um parágrafo descrevendo a poltrona decadente depois de jogada fora.
ResponderExcluirmas assim tá bom, é bem você mesmo. não tão trágico quanto eu e minhas referências, ahuahuha