14/11/2008

Sem Título e Vergonha


O metrô vem sorrateiro, com seu rugido profundo. Engole-me com suas portas automáticas, me transportando como uma sardinha infeliz. Gasto todos os meus trocados para andar por debaixo da terra e por cima de ruas. Gasto minhas horas dentro desta lata de ferro, gasto meus olhos em túneis que não têm paisagens. Túneis quase sempre escuros, que dão a sensação certa da incerteza, a eterna sensação do sentir-se perdido. Com a esperança de chegar a algum lugar, esperamos, nessa imensa e comprida sala de espera.
E tudo isso, garota, para chegar à sua casa, e te beijar, escondido, contra paredes, em cima de mesas, rolando pelo chão encerado de todos aqueles cômodos, desde que estejam vazios. Toda essa aventura angustiante desagua na segurança destes olhos serenos e amendoados. Teus olhos são duas fontes que me encharcam todo o corpo.
A poluição de todas as ruas se torna distante quando te pego pela cintura e afundo meu rosto exaurido pelo sol em seu pequeno pescoço, que é tão branco quanto marfim e cheio de pequenas pintas, bem como seu corpo inteiro.
E por falar em corpo, lembro de teu cheiro, que é presente em toda sua pequena extensão, mesmo quando não usa perfume. Esse cheiro é teu e só teu. Quando o sinto, minhas roupas pensam em suicídio, e simplesmente rasgam-se, em tremenda euforia.

2 comentários:

  1. Andar de metrô deve ser legal [capial eu hein]. Bom, chega de comentários que nada acrescentam né. Ensina o Rafa a escrever assim?! *.*

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  2. Huuuuhuuuu...(comentário simplista pro início e pro fim da sua pequena e desencontrada história que desagua em algo surpreendente - um início de "rush" e um final romanticamente sexy hehe)...

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