Por mais que o plástico seja tão julgado e condenado - por mais que se aponte o dedo à moleza e adaptabilidade das pessoas que são flexíveis como tampinhas de tupperware - o plástico da nossa vida é o que nos mantém em pé.
Um peito de gente tem que ter a moleza decisiva do cano de PVC esquentado pelo pedreiro para dar conectividade num encanamento. Um peito de gente estouraria se fossem usadas (somente) as leis do Aço.
Se te gritam “Volúvel! Falso! Incoerente!” vai ser um prazer digno de piscina-de-bolinha responder com um sorriso de incerta plasticidade, o sorriso paralisado e tranquilo de um boneco de silicone que é reciclado tantas e tantas vezes que já foi garrafa pet, camisinha e pneu. É isso que somos: um aglomerado plástico super adaptável que estica sem estourar – na maior parte das vezes.
Que coisa pesarosa as certezas feitas de cimento, ideologias de cimento – cus de concreto e testas de ferro. Por isso amo o plástico e admito minha mentira, minha falha constante – e sorrio quando eu próprio me desmascaro e me saboto.
A gente sempre derrete nos calores industriais da vida.
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