29/08/2010
Gramática da Alma
Por que estes sorrisos velados e estas faces rosadas e estes cinismos cítricos e essa acidez sensual e estes desprezos estratégicos e estas aparições programadas se nem ao menos sabe se gosto de bacon ou não?
Ela só sabe que eu uso a conjunção aditiva “e” ao invés de vírgulas (em momentos nervosos) e que escrevo em fonte Arial tamanho 12. Minha alma não é Arial; não é tamanho doze; não tem conjunção aditiva; não tem “e”. Nem gramática a coitada da alma tem.
Ah, se tivesse! Pela Gramática da Alma esta mulher seria um erro de ortografia épico, um pleonasmo irritante, uma palavra de baixo calão ou, no máximo, um parêntese desnecessário. A alma –Que seria doutora letrada nas paragens da afeição– riscaria um “X” bem vermelho no meio de sua testa; Atestaria: Esta mulher não.
Não existe gramática para as nossas almas. Talvez por isso esta e tantas outras desconhecidas passem o resto da vida com homens sem-sal, se queixando para as amigas. Eu talvez continue sempre com essas pessoas mal conjugadas, como verbos sem concordância; almas dissonantes nas minhas frases tortas de afeição, de carinho gratuito.
02/08/2010
A Gente
A gente não é agente. Ser agente da própria vida é agir. A gente é reagente. Quem só reage nunca age; coage, no máximo. Então, ajamos! Seremos os ventos que balançam folhas e cabelos, casas e – por sorte – corações.
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