22/02/2010
Carta do Fundo do Poço
Quando se está no fundo do poço, cada vez se enterrando mais, cave.
Cave o poço até chegar do outro lado do mundo.
Se o seu mundo já se tornou insustentável, se dirija ao poço mais próximo
Cave o poço rápido até chegar do outro lado do mundo.
Se todas as pessoas já lhe parecem só uma massa disforme, frias (quem sabe mortas)
Cave o poço com força até chegar do outro lado do mundo.
Quando olhar pro céu e para as estrelas e não se sentir parte deles
Cave o poço esperançoso até chegar do outro lado do mundo.
Só nunca se esqueça de cavar o poço
Rápido, com força e esperançoso de que chegará do outro lado do mundo.
14/02/2010
Olhos-Café
Às vezes, lá pelas cinco e quarenta da tarde, eu olho pro café na mesa, ouvindo o tempo passar através do tic tac do relógio da cozinha. Fico ali parado por alguns instantes, me perguntando se é o café que está esfriando ou eu.
Quando chego a alguma conclusão mais ou menos aceitável o café já esfriou. Daí me faço de desentendido e bebo mesmo assim. Talvez para não me sentir culpado novamente, como se isso fosse um pedido de desculpas.
Isso tudo por causa de uns olhos cor de café. Olhos esses que esfriaram diante dos meus, enquanto eu, amuado em algum beco qualquer da minha mente egoísta, pensava no que fazer, no que falar, no que sentir.
Ah! Quantos olhos já esfriaram! Quantos!
Quando chego a alguma conclusão mais ou menos aceitável o café já esfriou. Daí me faço de desentendido e bebo mesmo assim. Talvez para não me sentir culpado novamente, como se isso fosse um pedido de desculpas.
Isso tudo por causa de uns olhos cor de café. Olhos esses que esfriaram diante dos meus, enquanto eu, amuado em algum beco qualquer da minha mente egoísta, pensava no que fazer, no que falar, no que sentir.
Ah! Quantos olhos já esfriaram! Quantos!
07/02/2010
Passado Presente
Existem lembranças tão fundas no tempo, tão distantes, que lembrar delas é como tentar lembrar de um sonho envelhecido numa noite quente; Os fatos desconexos, sensações singulares jogadas no ar, flashs de cenas que nem sabemos se aconteceram ou não.
Quando se tenta acessar forçosamente alguma memória antiga os fatos se confundem, como se a mente estivesse com ressaca de seu passado. Situações se misturam e é muito mais fácil julgar situações e pessoas com os nossos preceitos e preconceitos limitados. Daí muitos problemas e arrependimentos surgem.
Pensa-se que o passado fica lá, em seu próprio tempo, parado; Até chegam a dizer que águas passadas não movem moinho. Acreditar nisso é um perigo. O passado é um garoto ligeiro, que tem pés que te seguem sem barulho e quando olhar para trás para tentar vê-lo, ele se enterrará no chão para não se notado.
O passado é mais presente do que se pode imaginar e muda todos os dias, pois está dentro de cada música, símbolo, gesto, esquina, olhar, cheiro, livro, cor, café, sol, lua, dança, conflito, carinho e de cada amor. E sempre aparece de forma inesperada.
Pode-se sim mudar o passado: basta saber de que ângulo olha-lo e quando deparar-se com um ódio ou mágoa que estava enterrado, fazer uma grande reverência e tentar recomeçar de pé direito com o próprio passado presente.
Quando se tenta acessar forçosamente alguma memória antiga os fatos se confundem, como se a mente estivesse com ressaca de seu passado. Situações se misturam e é muito mais fácil julgar situações e pessoas com os nossos preceitos e preconceitos limitados. Daí muitos problemas e arrependimentos surgem.
Pensa-se que o passado fica lá, em seu próprio tempo, parado; Até chegam a dizer que águas passadas não movem moinho. Acreditar nisso é um perigo. O passado é um garoto ligeiro, que tem pés que te seguem sem barulho e quando olhar para trás para tentar vê-lo, ele se enterrará no chão para não se notado.
O passado é mais presente do que se pode imaginar e muda todos os dias, pois está dentro de cada música, símbolo, gesto, esquina, olhar, cheiro, livro, cor, café, sol, lua, dança, conflito, carinho e de cada amor. E sempre aparece de forma inesperada.
Pode-se sim mudar o passado: basta saber de que ângulo olha-lo e quando deparar-se com um ódio ou mágoa que estava enterrado, fazer uma grande reverência e tentar recomeçar de pé direito com o próprio passado presente.
02/02/2010
Sobre Tolices Importantes
Ainda posso me lembrar de um tempo onde qualquer hora do dia era fim de tarde com cheiro de café e bolo de fubá fresquinho.
Tudo girava em torno de coisas tolas tão importantes! Já se perguntou alguma vez o que estamos fazendo com nossas vidas? Eu disse NOSSAS vidas! Parece que esquecemos de sentir, cheirar, parar para olhar, parar para viver algo e se surpreender. Nada disso acontece mais de forma natural.
E por que não nos surpreendemos, nem sentimos, nem vivemos, nem cheiramos? Por que esperamos demais, acomodados em expectativas que já vem enlatadas e totalmente fabricadas, com os conservantes da mais pura esquizofrenia social; Presos à valores ridículos e insanos, que nem temos tempo de repensar, pois não se pode enxergar azul num mundo só de amarelo.
Vivemos no piloto automático sempre, fazendo só "o que deve ser feito", o que dá orgulho à sua família ou ao seu ciclo social ridículo e limitado, só para satisfazer essas expectativas pré-fabricadas e prontas para o consumo.
Nesse ponto já se esquece que nosso coração também tem voz, que podemos abandonar o caminho trilhado à qualquer momento, sem dever nada a ninguém e sem ater ao orgulho, que é um valor que destrói muitas almas.
Como disse a poetisa: "Lúcidos? São poucos" Céus! Vejam quantos sonâmbulos andam nas calçadas; quantos mortos vivos dirigem seus veículos do ano; Veja, veja com horror as pessoas de terno que correm apressadas pelas ruas, como quem corre num pesadelo, sem saber do que!
Conseguiram industrializar até a vida. Já é tempo de ser lúcido. Não se submeta, acorde!
Tudo girava em torno de coisas tolas tão importantes! Já se perguntou alguma vez o que estamos fazendo com nossas vidas? Eu disse NOSSAS vidas! Parece que esquecemos de sentir, cheirar, parar para olhar, parar para viver algo e se surpreender. Nada disso acontece mais de forma natural.
E por que não nos surpreendemos, nem sentimos, nem vivemos, nem cheiramos? Por que esperamos demais, acomodados em expectativas que já vem enlatadas e totalmente fabricadas, com os conservantes da mais pura esquizofrenia social; Presos à valores ridículos e insanos, que nem temos tempo de repensar, pois não se pode enxergar azul num mundo só de amarelo.
Vivemos no piloto automático sempre, fazendo só "o que deve ser feito", o que dá orgulho à sua família ou ao seu ciclo social ridículo e limitado, só para satisfazer essas expectativas pré-fabricadas e prontas para o consumo.
Nesse ponto já se esquece que nosso coração também tem voz, que podemos abandonar o caminho trilhado à qualquer momento, sem dever nada a ninguém e sem ater ao orgulho, que é um valor que destrói muitas almas.
Como disse a poetisa: "Lúcidos? São poucos" Céus! Vejam quantos sonâmbulos andam nas calçadas; quantos mortos vivos dirigem seus veículos do ano; Veja, veja com horror as pessoas de terno que correm apressadas pelas ruas, como quem corre num pesadelo, sem saber do que!
Conseguiram industrializar até a vida. Já é tempo de ser lúcido. Não se submeta, acorde!
Toda Criança Deveria Saber
Era uma vez um pequeno menino feliz chamado Bob. Bob gostava de brincar e de bolo de cenoura. Bob sonhava em ser artista de cinema ou fazendeiro, pois sempre brincava de tais coisas com seus amigos.
Até que um dia Bob cresceu, vivendo e aprendendo com as coisas insanas do mundo: se desiludiu com muitos amores, comprou uma moto que foi roubada no mesmo mês, teve amigos falsos, assaltaram seus sapatos, teve filhos que passaram fome, se formou forçadamente na faculdade, enfrentou audiências e reuniões escolares dos filhos, teve seu dinheiro sugado pela receita federal, perdeu-se em meio a tanto trabalho, passou noites sem dormir preocupado com as dividas, desenvolveu uma hérnia de disco e tendinite, enfrentou filas intermináveis de hospitais públicos, começou a fumar dois maços de Free (azul) por dia, esqueceu quem era e o que sonhava, o rosto ficou cheio de rugas de exaustão e as mãos com calos de arrependimento.
Bob teve um enfarto fulminante numa quarta-feira de sol devido o stress do mundo moderno, que corroeu sua alma. O IML demorou 8 horas para chegar. Os filhos de Bob tiveram que pedir dinheiro emprestado aos parentes e vizinhos para o enterro, tendo que fazer muitas horas extras de trabalho para sanar a divida.
Fim.
Fim? Não. Essa história sempre, sempre se repete. Cuidado.
Até que um dia Bob cresceu, vivendo e aprendendo com as coisas insanas do mundo: se desiludiu com muitos amores, comprou uma moto que foi roubada no mesmo mês, teve amigos falsos, assaltaram seus sapatos, teve filhos que passaram fome, se formou forçadamente na faculdade, enfrentou audiências e reuniões escolares dos filhos, teve seu dinheiro sugado pela receita federal, perdeu-se em meio a tanto trabalho, passou noites sem dormir preocupado com as dividas, desenvolveu uma hérnia de disco e tendinite, enfrentou filas intermináveis de hospitais públicos, começou a fumar dois maços de Free (azul) por dia, esqueceu quem era e o que sonhava, o rosto ficou cheio de rugas de exaustão e as mãos com calos de arrependimento.
Bob teve um enfarto fulminante numa quarta-feira de sol devido o stress do mundo moderno, que corroeu sua alma. O IML demorou 8 horas para chegar. Os filhos de Bob tiveram que pedir dinheiro emprestado aos parentes e vizinhos para o enterro, tendo que fazer muitas horas extras de trabalho para sanar a divida.
Fim.
Fim? Não. Essa história sempre, sempre se repete. Cuidado.
Assinar:
Postagens (Atom)