Apoiou-se num poste, esperando o farol abrir. Os carros passavam rápido demais. Estaria bêbado já aquela hora? Difícil saber. O sol, pálido e fosco, nascia como bebê prematuro, numa quarta-feira.
Rápido demais, os carros continuavam passando. Talvez rápido demais para seus olhos e para a vida. Não podia entender. Ficava ali, como decoração, preso ao poste pelos pregos do desânimo. Escultura de pedra. Pedra fria e triste.
Resmungou qualquer coisa, caçando um cigarro no bolso da camisa e o farol fechou. Verde, amarelo, vermelho. Atravessou, lento, pesado. O tipico passo de quem não cultua ambições; o passo do tédio; do conformado.
Por um momento, olhou para aquelas maquinas paradas com um olhar soberano, superior. Agora eram seus iguais, ou até mesmo inferiores: Estavam todos parados, esperando, os motores com o barulho constante. Atravessou como se fosse um triunfo, soberano de uma batalha justa.
O farol abriu e os carros voltaram a passar. Praguejou algo, gesticulando com as mãos e o cigarro dançando na boca. Malditos carros, de certo pensava. E já do outro lado da rua, o olhar voltou a ficar perdido entre os vultos barulhentos. Mas não lhe davam atenção ou prestígio nobre; só passavam, rápido demais.
Muito foda, cara. Deu pra visualizar todo o texto.
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