10/06/2009

Sobre a Panturrilha Inflamada e os Copos d'Água


Eu que pensava que tudo era oceano, ao me deparar com os incalculáveis passos no asfalto, vi que não passavam de copos d’água salgados. Andei milhares de metros e metrôs, por várias horas, sozinho. Chorando, como criança perdida no tumulto das seis horas da tarde; os olhos ausentes.
Os motivos que levam tais coisas acontecerem - chorar e andar sem rumo – são óbvios demais, enfadonhos para mentes calejadas, talvez. “Ah, os jovens! Ah, os exageros! Ah, as paixões!” diriam, empregando a mesma ortodoxia irritante de pensamentos lógicos e infelizes.
Andando encontrei três figuras que tocavam violão. Estava chovendo, que importa? Me sentei no chão com eles. "Onde há música não pode haver maldade.", como diria Cervantes.
A música deles era bela ou então meu estado de espírito que, lírico demais, fazia do menor bater de folhas algo divino e infinito, como os poetas fazem. Então, decidi seguir meu rumo sem rumo. Fui andando, errante, até que meus pés me levaram pra casa.
Sinto que esse dia trouxe algo de inexplicável e misterioso para o resto dos meus outros dias. E não foi só a panturrilha inflamada, vítima das andanças. Não foi: Foi como se esse estado solene, triste, ficasse como tatuagem, sempre ali marcado, pra lembrar de algo, algum dia.

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