somos malditos nós que não arrumamos nada
não varremos o chão, não organizamos as velhas gavetas
e nem arrancamos as pessoas das nossas vidas
que vaidade ridícula
somos delicadamente covardes; alheios
nossas mãos tão macias e limpas
incapazes de podar
e assim viver na atmosfera saturada de uma estufa social
uma confusão de plantas-gente,
uma bagunça de pessoas-objeto espalhadas debaixo da cama
e tropeçamos, de novo, até quando?