O seu Reginaldo tinha um rosto de criança, mãos de criança e morreu sem mais nem menos, justamente como morrem as criancinhas. Lembro de sua caixa de ferramentas sempre bagunçada pela escola onde trabalhou comigo por alguns meses. Logo após o enterro todos da equipe fizeram o clássico favor de nos lembrar como não passamos de pó ou "merda nenhuma". E eu não podia discordar de um sentimento tão estratificado e absoluto ali, naquela hora sensível.
Dois dias após sua morte, faltou água na escola toda e ninguém sabia o que fazer. Sendo as manutenções sua associação mais óbvia, pensamos todos em seu Reginaldo. Nós, prostrados e inúteis diante da gigante caixa d'água e suas bombas, válvulas e canos. Pensei como era superficial nosso conhecimento perante àquele homem que fazia a manutenção e em como ignoramos tantas outras camadas de uma pessoa.
Dois dias após sua morte, faltou água na escola toda e ninguém sabia o que fazer. Sendo as manutenções sua associação mais óbvia, pensamos todos em seu Reginaldo. Nós, prostrados e inúteis diante da gigante caixa d'água e suas bombas, válvulas e canos. Pensei como era superficial nosso conhecimento perante àquele homem que fazia a manutenção e em como ignoramos tantas outras camadas de uma pessoa.
Com certeza os sonhos dele não cabiam naquela caixa d'água.