Percebi que sou um construtor. Por isso o interesse constante nos martelos, serras, trenas, parafusos e chaves que eu passo olhando pelas lojas, me fascinando. Compro várias ferramentas, mas uso-as pouco. Gosto de tê-las comigo - pseudo-construtor é o que sou, ou "de boutique", como queira.
Eis que a vida me jogou no caminho dos livros e suas letras e as mãos ficaram ociosas. Percebi o quanto é difícil me satisfazer com o pensamento ideológico, com a filosofia e sua vaporosa aura. Taurino, é bem verdade que sou, mas será por isso essa eterna busca por concretudes e construções?
Imploro para que os parafusos afrouxem, para que a bicicleta quebre e que me peçam para consertar, remendar, lixar, pintar, por, tirar. Preciso disso, como Aureliano na chuva de quatro anos, onze mezes e dois dias em "Cem Anos de Solidão".
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