25/04/2010

Sobre o Seu Vizinho Amargo e Muitos Outros

Vê, estamos aí andando pelo mundo, com a oportunidade constante de conhecer e trocar experiências com pessoas exclusivas a cada esquina, a cada fila de cada banco. A cada dez passos pessoas inexploradas e universos inteiros que anseiam por descobrir e serem descobertos.
Hoje em dia, principalmente por conta do imediatismo da internet, tem-se concretizado uma nova maneira de ser mimado, que é o desinteresse imediato pelas pessoas e pela essência inexplorada que se esconde ali, atrás dos olhos do ‘seu José’, porteiro da empresa, que há vinte anos sente que não existe pois ninguém o vê e ninguém quer ser olhado por ele; por isso abaixa a cabeça.
Não entendo por que o Brasil, um país de tantas cores, calores e culturas, conserva essa atitude tipicamente européia de empinar o nariz, pisar em tudo quanto é gente que considera inferior, maltratar o garçom, desprezar o porteiro do prédio e gemer sempre um “bom dia” penoso, sofrido.
O século XXI é tido como o século da comunicação. Temos a internet numa expansão absurda, a televisão dentro das ocas indígenas e tudo o mais. Eis o ponto: O homem, com toda sua parafernália tecnológica consegue usar isso contra si mesmo, tornando-se cada vez mais incomunicável.
No ônibus todos vidrados nos jogos e aplicativos dos celulares, ouvidos enfiados no fone. Completamente imersos num mundo construído pela própria visão curta e mimada. O mundo e as pessoas estão lá fora, despercebidos e sabotados pelo comodismo do fulano.
Nas escolas as crianças da quarta série se isolam nos cantos para ‘trocar informações’ via celulares “iTouch”. Aprendem desde cedo a arte penosa de ser solitário mesmo rodeado de gente. Gente que nunca vai poder conhecer, por que, sabe como é, é perigoso.
Outro dia um amigo me disse: Escreva sobre algo valioso. Pois quer coisa mais valiosa que a nossa própria pessoa, que construímos dia a dia, com cada palavra, cada gesto? É pena que as pessoas costumem ignorar este fato. Focando-se somente nas construções materiais, acabam ficando com a personalidade rudimentar, fraca.
Imagina se a mania de ser despretensiosamente sincero, de cantarolar pela rua, de não ter medo de olhar e ser olhado pega! Ah, aposto que o homem ia arrumar problema nisso também!

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