Minha língua lambe todas as promessas de maçãs que lhe escorrem da boca, e lhe caem aos seios, escorrendo também por tua barriga. As promessas são ardentes, olorosas e confortantes e seguem viajando por tua pele, eriçando todo o teu corpo.
Minha boca estupefata, entreaberta, puxa, solta e morde todas as promessas de beijos quentes que transpiram de todos os seus poros. Minha boca ora tola, ora astuta, deseja sentir toda sua essência numa só lambida; te engolir numa passada de lábios.
Vejo amanhãs correndo em suas costas; Sim, e eles querem ir apressados, mas se perdem na sinuosidade do teu corpo. Curvam-se na sua cintura, querendo atalho, e chegam em teu ventre, pátria de toda a existência; febril ventre em brasa, que exala fragrâncias, como se almíscar fosse derramado em pedra fervente.
Minhas mãos barram a passagem da sua cintura e minha língua lambe teu ventre e varre todo e qualquer amanhã, todo ontem, todo hoje. Varre todo o tempo. Estamos não mais à mercê do tempo. Varro todo eu; não lembro mais meu nome, só sei que agora estou aqui, num momento que mordisca o divino; emociono.
Estamos à mercê do corpo, da língua, do gozo da alma, que vai nos alagando o olhar, e cada toque na pele parece um naufrago encharcado e prazeroso. Aos poucos nossos mares se misturam todos, entre ondas e marolas, cada uma tão intensa quanto outra. Desejos humanos e divinos se confundem.
O suor se mistura ofegante e os cabelos se emaranham também rendidos à nau criada por nosso atrito; a pele faz um barulho chiado, um barulho de pele, no meio do nada, como imensas velas sacudindo numa tempestade de gotas doces e humanas. Estamos só eu e você e somos só eu e você, navegantes de sentimentos oceânicos.
31/07/2009
29/07/2009
Sobre Os Pés E Os Corações Errantes
Sim, este sou eu. Um poço de sentimentalismo de fácil acesso - nunca fui restrito. Sim, sou eu mesmo. O que achas você de seus belos feitos, até então? Tem conseguido o que quer? Sabes, ao menos, o que quer de mim? E de você?
Tu vens com toda essa beleza animalesca, que é somente entulho de exibição, uma parcela miserável de tudo de delirante que guarda nas ilhas e cavernas de tua pele; vem sim, vem lenta, forte e avassaladora e me joga de um lado para o outro, em teu mar de ondas ébrias.
Eu me entrego. Não tenho mais forças para essas passagens de jovens: Pegue todos, todos os meus sentimentos! Ah! São tão simplórios e bonachões... Pobres doidos imaculados são os meus sentimentos! Não os deixe guardados nas caixas empoeiradas das lembranças... não! Com risos irrisórios e faceiros, monta todo um teatro de fantoches com cada um deles! Claro que para seu próprio deleite. Pra que mais usá-los-ia? Nunca os deixe ali na caixa, no fundo, úmidos e taciturnos.
E agora que estamos lado a lado, descalços? E agora que esbarrou comigo nas geométricas coincidências da vida? Pra onde vamos? Você estava me seguindo? Tudo bem, tudo bem; mesmo assim, eu continuo indo com você.
Sigamos nossos pés ciganos! Façamos nosso caminho. O mundo é grande e você também é. O mundo é nosso.
Tu vens com toda essa beleza animalesca, que é somente entulho de exibição, uma parcela miserável de tudo de delirante que guarda nas ilhas e cavernas de tua pele; vem sim, vem lenta, forte e avassaladora e me joga de um lado para o outro, em teu mar de ondas ébrias.
Eu me entrego. Não tenho mais forças para essas passagens de jovens: Pegue todos, todos os meus sentimentos! Ah! São tão simplórios e bonachões... Pobres doidos imaculados são os meus sentimentos! Não os deixe guardados nas caixas empoeiradas das lembranças... não! Com risos irrisórios e faceiros, monta todo um teatro de fantoches com cada um deles! Claro que para seu próprio deleite. Pra que mais usá-los-ia? Nunca os deixe ali na caixa, no fundo, úmidos e taciturnos.
E agora que estamos lado a lado, descalços? E agora que esbarrou comigo nas geométricas coincidências da vida? Pra onde vamos? Você estava me seguindo? Tudo bem, tudo bem; mesmo assim, eu continuo indo com você.
Sigamos nossos pés ciganos! Façamos nosso caminho. O mundo é grande e você também é. O mundo é nosso.
23/07/2009
Refúgio nas Terras Tuas
Tuas palavras me tocam e me emocionam, como um canto vindo de uma terra distante, onde todos os cheiros da sua pele e os sabores do teu âmago me esperam. São esses cheiros e sabores uma mistura minha e tua, como uma espécie de feitiço que sempre existiu.
Esperam-me! Estou certo disso. O ar bêbedo que vem das tuas terras, ar quente e sensual, me sopra aos ouvidos a todo o momento: “És tua, és tua, cigano! Caminha firme, cigano!” e aí sei que teus cheiros e sabores me esperam, numa terra onde já te vi, dançando de pés descalços, as pernas jubilosas, lançava-me olhares através da fogueira. Puxava a barra do seu vestido, como se puxasse a mim, e teu olhar esverdeado ganhava força nas palmas e cantos alegres, chegando a mim, primoroso, tocando nos píncaros de todas as minhas vontades; divinas ou pecadoras, tanto fazia.
Estou seguindo meus pés. Neste momento. Meus pés ciganos. Posso ouvir cada vez mais perto os violões queimando acordes instigantes e o lamento intenso, gemente, dos cantos zíngaros, que cruzam o ar de suas terras. Meus pés errantes e calejados estão me levando às seus quentes chãos, novamente, onde encontrarei você, na nossa cabana, e me confortará, e será confortada.
E a sede vai acabar. A sede desta longa viagem, esta sede dos pés viajantes, dos olhos secos pelo vento, da boca árida... Esta sede acabará definhando nos teus cabelos de cheiros exóticos e também teus moles, molhados e preguiçosos beijos, que parecem infindáveis como fontes d'água que jorram da pedra pura! E tuas mãos, mãos com cheiro de frutas, as unhas vestidas de cores vivas a percorrer todos os meus músculos frouxos e cansados, cada cicatriz; visível ou não.
E então vamos estar protegidos do tempo, irmão mais velho do ar, pois a cabana nossa é atemporal e foge de todo o desgaste do vento. Com um olhar, fundo e encharcado, vamos parar o mundo, nos afogando um no outro. Nada, nada vai nos tirar um do outro agora.
Livres seremos nossos, e juntos seremos livres.
Esperam-me! Estou certo disso. O ar bêbedo que vem das tuas terras, ar quente e sensual, me sopra aos ouvidos a todo o momento: “És tua, és tua, cigano! Caminha firme, cigano!” e aí sei que teus cheiros e sabores me esperam, numa terra onde já te vi, dançando de pés descalços, as pernas jubilosas, lançava-me olhares através da fogueira. Puxava a barra do seu vestido, como se puxasse a mim, e teu olhar esverdeado ganhava força nas palmas e cantos alegres, chegando a mim, primoroso, tocando nos píncaros de todas as minhas vontades; divinas ou pecadoras, tanto fazia.
Estou seguindo meus pés. Neste momento. Meus pés ciganos. Posso ouvir cada vez mais perto os violões queimando acordes instigantes e o lamento intenso, gemente, dos cantos zíngaros, que cruzam o ar de suas terras. Meus pés errantes e calejados estão me levando às seus quentes chãos, novamente, onde encontrarei você, na nossa cabana, e me confortará, e será confortada.
E a sede vai acabar. A sede desta longa viagem, esta sede dos pés viajantes, dos olhos secos pelo vento, da boca árida... Esta sede acabará definhando nos teus cabelos de cheiros exóticos e também teus moles, molhados e preguiçosos beijos, que parecem infindáveis como fontes d'água que jorram da pedra pura! E tuas mãos, mãos com cheiro de frutas, as unhas vestidas de cores vivas a percorrer todos os meus músculos frouxos e cansados, cada cicatriz; visível ou não.
E então vamos estar protegidos do tempo, irmão mais velho do ar, pois a cabana nossa é atemporal e foge de todo o desgaste do vento. Com um olhar, fundo e encharcado, vamos parar o mundo, nos afogando um no outro. Nada, nada vai nos tirar um do outro agora.
Livres seremos nossos, e juntos seremos livres.
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