06/04/2009

Sobre o Vazio e Lembranças

Esse sentimento de vazio no peito, ou em qualquer outra parte. Está frio, e frio é gostoso, mas frio dá saudades. Aliás, tanta coisa dá saudades.
Saudades é tão estranho; é a vontade de viver uma lembrança, mas lembranças foram feitas (foram feitas?) para que sejam vividas em memória, voltando e pausando cada movimento, cada bater de cílios, cada passo, como em algum filme ou sonho esquisito. Cada mínimo detalhe parece tão infinito numa lembrança, que podemos nos distrair durante minutos, longe do mundo, pensando e sentindo sem palavras.
Pensar e sentir sem palavras... Acho que isso que é uma lembrança.
Tudo parece tão estranho, o mundo parece tão mudado. Cada buraquinho na parede me parece algo tão profundo. Fico o caminho todo reparando nos beirais dos telhados, na superfície enferrujada dos portões e em outras coisas que pareceram nunca existir.
Engraçado tudo isso. Às vezes sorrio quando me vejo percebendo essas coisinhas no meu dia. De certa forma, sentir tudo isso é confortante. Eu diria que é como tocar uma música triste no violão. Não sei explicar essa metáfora.
Acho que no fundo não sei explicar coisa alguma. O amor? Apesar de sentir, lembrar e chorar, não sei nada sobre o amor.

02/04/2009

Deixe-me Lembrar Ao Menos De Seus Pezinhos Palpitantes

Esses pequenos pezinhos
[Vão
Dançar e passear
Sozinhos]
Num rumo sem rumo

Continuam pelo chão
[Vejo-os
em água e sal
Diluídos na visão]
Implorando beijinhos


Pés trinta e quatro
[e meio
que sinto saudades
do que eu não vivi]
que vão, sem passar.